Por que alunos estudiosos não conseguem passar no vestibular?
Angústia, respiração acelerada, aperto no peito, sensação de sufocamento, tremores, sudorese nas mãos. São os sintomas mais clássicos de ansiedade que podem comprometer o desempenho dos estudantes na hora das provas do vestibular e outros concursos. “Cada pessoa, em média, leva meia-hora para se acalmar quando fica nervosa a partir do início de uma prova classificatória. Essa ansiedade está relacionada ao estresse gerado por fatores considerados pela pessoa como decisivos em sua vida como, por exemplo, a escolha de uma profissão”, explica a psicóloga Luciana Mancio Balico.
Pesquisadora do assunto, Luciana trabalha diretamente com estudantes que estejam se preparando para concorrer a vagas em instituições de ensino superior e/ou órgãos públicos. No mês de março, ela foi uma das palestrantes da aula inaugural do pré-vestibular Mutirão, de Caxias do Sul. Além dos sintomas de ansiedade, a palestra “O cérebro e o vestibular” mostrou aos estudantes como se preparar (mais e melhor) para as provas e como lidar com a pressão emocional que surge. Para encarar tudo isso da melhor forma, a psicóloga deu uma relação de dicas de controle da ansiedade antes e durante os testes (confira no final do release).
Questão de memória - Quando a memória é exercitada, ela aumenta progressivamente. Conforme a psicóloga, um dos reguladores para evocarmos as informações é a emoção e o estado de ânimo, pois a memória - que fica no hipocampo do cérebro - está diretamente ligada à amígdala, que é a sede das emoções. No momento em que se adquire informações, o estado emocional interfere no aprendizado e, consequentemente, na memorização. Em ano de vestibular, são muitas as decisões a serem tomadas (a escolha do curso, da instituição, da cidade, do local para morar), e é aí que surgem os conflitos de ordem psicológica.
“Pesquisas comprovam que, por questões hormonais, as meninas tendem a ficar mais estressadas do que os meninos”, observa Luciana. Esse estresse cognitivo é o famoso e temido “branco”. Já o estresse somático vai provocar dores no corpo (dor de cabeça, dor de estômago, dor nas costas).
Em função desse comportamento, a pesquisadora afirma que nos momentos de indecisão de respostas nas provas dos vestibulares ou naquela última revisada na prova, 70% das vezes os candidatos passam da resposta correta para a errada. Por essa razão, antes de começar qualquer prova que esteja neste contexto competitivo, a psicóloga orienta que é preciso ter claro em sua mente qual é a estratégia para fazer tal prova, e verificar os sintomas de ansiedade e estresse. Detectando que há sintomas, a pessoa pode adotar técnicas de relaxamento muscular progressivo e a prática de técnicas de respiração.
Para analisar estes estudantes, Luciana destaca uma afirmação pertinente feita pelo médico e cientista argentino (naturalizado brasileiro), Ivan Izquierdo, pioneiro no estudo da neurobiologia da memória e do aprendizado. Segundo ele, “só lembramos aquilo que gravamos, aquilo que foi aprendido”. Portanto, para conseguir estudar é importante estar num contexto saudável das relações familiares e ter muita atenção. “Ninguém consegue aprender ou memorizar um conteúdo se não está atento”, complementa Luciana.
Uma dieta saudável e balanceada, a organização do tempo e do ambiente de estudos, aliados a boas noites de sono também são medidas que auxiliam no processo de memorização de conteúdo. Todas essas dicas significam que 50% do rendimento dos candidatos é estudo. A outra metade está relacionada à fatores emocionais.
Nesse sentido, a terapia cognitivo-comportamental faz com que o sujeito traga à tona pensamentos disfuncionais, os conflitos e problemas que ele está enfrentando para, a partir daí, fazer uma reestrutura cognitiva e construir junto com o psicólogo a melhor forma de tratar esse estresse e essa ansiedade, e montar sua estratégia de aprovação, seja para o vestibular ou para um concurso. “É uma terapia onde o cognitivo desses estudantes se reestrutura, preparando-os como se fossem esportistas de alto rendimento e elevado nível de competitividade”, frisa Luciana.
Outras informações
Luciana Mancio Balico | CRP 07/13004
Psicoterapia Cognitivo Comportamental
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