Depois de ter passado pelo 20º Porto Alegre em Cena e pela Mostra de Dança Exercícios Cênicos, em Florianópolis, o espetáculo ‘Arquivo – Instância 5’, da Cia. Matheus Brusa, de Caxias do Sul, segue seu projeto de circulação em 2013, aprovado pelo edital Financiarte/2012. Desta vez, será apresentado no próximo dia 23 de outubro, na Sala de Teatro Professor Valentim Lazzarotto (Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho) dentro da programação do 4º Caxias em Movimento.
‘Instância 5’ mostrará estudos flutuantes, móveis e abertos à atualizações, resultados das pesquisas em dança contemporânea que vêm sendo realizadas pelo grupo há sete anos. “Essa definição vem do pensamento de ‘como’ as coisas importam, e não simplesmente ‘o quê’ importa. Sempre existe algo a ser explorado. É uma brincadeira sem fim”, reflete o diretor Matheus Brusa, que também é professor de Dança Contemporânea do grupo Articulações, ligado ao Programa Artes e Ciências do Corpo, do Centro de Ciências da Saúde da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
A organização cênica proposta pelo grupo a partir de seu arquivo coreográfico apresentará seis obras coreográficas, interpretadas por seis bailarinos e quatro músicos, que irão executar a trilha sonora no palco. À exceção da obra inédita Hipotálamo - que teve sua estreia no Porto Alegre em Cena -, o repertório do espetáculo é composto por readaptações nas coreografias, na iluminação, na trilha sonora e no figurino do grupo. E se toda a obra tem uma mensagem (que pode ser transmitida de várias formas), a questão que a Cia. Matheus Brusa levanta é: quão conscientes estão as influências de cada pesquisa e o que elas podem representar e/ou apresentar. “No nosso trabalho, a mensagem, muitas vezes, é um pouco mais explícita, até pelo uso da linguagem teatral como grande influenciadora”, revela Brusa.
A possibilidade de escolher qualquer temática para trabalhar dentro de um processo de concepção coreográfica e, a partir disso, passar a ter conhecimentos variados, é o que mais fascina o coreógrafo na dança contemporânea. Ele acredita que o bailarino possui autonomia no desenvolvimento do processo, a partir do momento em que assimila os pensamentos conceituais e físicos em pouco tempo. “São pensamentos básicos da parte física, assim como de movimento/tempo/espaço, e a própria intenção de movimento, ou seja, a postura/interpretação/expressão. Assim, acontece a ligação entre o pensamento físico e o emocional”, diz.
AS OBRAS COREOGRÁFICAS - Desde a formação do grupo, 34 obras resultantes de 23 pesquisas já foram concebidas e apresentadas em 11 espetáculos e também de forma fragmentada em festivais de dança. Neste ano, a Cia. já esteve nos eventos A Dança Fora de Si, em Pelotas, Festival de Dança de Joinville e Noite dos Campeões (Festival de Dança de Joinville), realizado no Teatro Ibirapuera, em São Paulo. A próxima participação será de 7 a 10 de novembro na Jornada da Dança, em Salvador, quando a Cia. apresentará as obras Léxico e Superfacial. Abaixo, a relação das coreografias de ‘Arquivo – Instância 5’ que estarão no 4º Caxias em Movimento.
Solitária Inconsciência
Bailarino/intérprete: David Cruz.
Músicos/intérpretes: Lucas Chini e Vinícius Lazzari.
Interpretação do texto: Matheus Brusa.
Hipotálamo
Bailarinos/Intérpretes: Diego Santos
Trilha sonora: Matheus Brusa e Lucas Chini.
Superfacial
Pesquisa: Qualidade de pequenos e versáteis músculos presentes em grande quantidade, numa pequena área, hipercontaminados com códigos da expressão. Movimentos isolados. Expressões automatizadas e descontruídas.
Bailarinas/Intérpretes: Isadora Martins e Caroline Menegon.
Músico/Intérprete: Mateus Bicca Sabbi.
Léxico | Surge em 2007 como solo, e se mantém até 2008, tendo seu tempo duplicado durante esta parte do processo, com algumas das apresentações contendo trilha executada ao vivo por Gustavo Viegas, compositor e intérprete da trilha, utilizada em toda a história da pesquisa. Em 2011 passa a ser um duo com mesma pesquisa e trilha, mas novo elenco, figurino e cenário.
Pesquisa: Conjunto de palavras. Libras, braile, qualidade presente na comunicação de partituras do corpo. Desenho. Branco e vazio para quem visualiza. Evolução do sentido compensando a falta de outro. A comunicação nela, com ela e entre os intérpretes e público. Origem.
Bailarinos/Intérpretes: David Cruz e Isadora Martins.
Trilha sonora: Luis Gustavo Viegas.
O Outro Nascimento | O ponto de partida desta obra foi em 2006, como um vídeo-dança. Neste mesmo ano, foi apresentado como obra em palco italiano, sendo composto cenicamente junto ao vídeo e, muitas vezes, de forma coreográfica sincronizada com a projeção. Em 2009, a pesquisa foi retomada, em formato grupo, porém com financiamento do edital Financiarte, incluindo música ao vivo, alterações no elenco e no tempo, tendo sua duração quadruplicada. Em formato solo, em 2009 e 2010, reduziu seu tempo conforme o regulamento de alguns festivais nacionais de dança, reduzindo consideravelmente sua duração. Como coreografia concorrente, rendeu prêmio de melhor coreografia, melhor coreógrafo, melhor bailarina e classificação no prestigiado Festival de Dança de Joinville e no Grand Prix Brasil de dança em Paulínia, São Paulo. Neste ano, volta ao formato grupo com alterações na duração, no elenco e cenário. Esta configuração se apresenta com cinco bailarinos e cinco músicos executando a trilha ao vivo e interagindo cenicamente com os bailarinos.
Pesquisa: O poder da comunicação corporal da criança que, por necessidade básica e natural, desenvolve a consciência comunicativa. Um caminho para o exagero, egoísmo e ganância ou, um simples, sincero e emotivo apego. A inspiração parte da obra “Frutos Ardentes”, de Gilmar Marcílio, que diz: “não há porvir sem o encontro com a luminosidade de achar-se liberto de tudo, longe do peso da matéria e de sua gravidade”.
Bailarinos/Intérpretes: David Cruz, Isadora Martins, Caroline Menegon, Natália Colombro e Emily Leczynski.
Músicos/Intérpretes: Guilherme Rosset, Lucas Chini, Matheus Brusa e Vinícius Lazzari.
Arranjos: Vinícius Lazzari.
Electrões | Concebida em 2006, em formato duo, com duração de festival, fazendo uma relação às qualidades de movimento e sons provindos do imã, obtendo classificação em festivais. Em 2007 teve seu tempo expandido, ganha formato grupo, música ao vivo, financiamento no edital FINANCIARTE, novo cenário e figurinos. Em 2009, é experimentada na configuração de solo e assumindo cada vez mais as linhas do corpo clássico tendo acrescentado o instrumento "theremin" que é tocado pela própria bailarina com os movimentos da coreografia, fazendo parte do espetáculo "Um". Em 2011, passa a ser experimentada no Ballet Margô com elenco Infanto-juvenil, e abrindo espaço para a pesquisa ser diretamente influenciada pela técnica clássica. Em 2012 passa a ter duas vertentes, a que se mantém formada em 2011, com elenco infanto-juvenil e, também como solo, com elenco adulto pela Cia. Matheus Brusa, com tempo prolongado e músicos executando a trilha ao vivo.
Pesquisa: Propriedade magnética do ímã. Jogo de atrações. A afinidade atmosférica e corporal acomodada dentro de um sistema atrativo equilibrado tendo sempre como conflito a ação externa e a adaptação humana. Afinidade, atração ou repulsão às superfícies presentes. Sintonia como suporte de definição da dinâmica, espacialidade e ritmo corporal.
Bailarina/Intérprete: Natália Colombo.
Músicos/Intérpretes: Matheus Brusa e Guilherme Rosset.
SERVIÇO
‘Arquivo – Instância 5’
Dia 23/10/13, às 20h30, na Sala de Teatro Professor Valentim Lazzarotto.
Centro Mun. de Cultura Henrique Dr. Henrique Ordovás Filho.
Ingressos | R$ 5,00 (à venda no Ballet Margô Brusa – Av. Júlio de Castilhos, 108, de segunda a sexta, das 14h às 20h30, e terças e quintas, das 9h30 às 11h45) ou na Unidade de Dança, no Ordovás.
Também haverá ingressos no dia do espetáculo, no local.
Informações | 54 3222.5338
Katherine Brusa | 54 9166.9771
katibrusa@gmail.com
Matheus Brusa | 54 9183.9102
ciamatheusbrusa@gmail.com
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